Monitorar é importante, documentar é essencial

IUCN e CPI-Acre promovem capacitação em plataformas de monitoramento ambiental

Nos dias 19 e 20 de outubro de 2022, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), em aliança com a Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-Acre), realizou treinamentos sobre plataformas tecnológicas ligadas ao monitoramento comunitário e governança territorial.

O treinamento aconteceu no Centro de Convenções da Universidade Federal do Acre (UFAC) e contou com a participação de 43 pessoas. O público diversificado foi composto por monitores, ribeirinhos do projeto Amazônia 2.0, agentes agroflorestais indígenas e técnicos de instituições governamentais e da sociedade civil.

Aldalúcia Carvalho, consultora estratégica do projeto A2.0 no Brasil, explicou que o principal objetivo do evento foi proporcionar um espaço de capacitação para técnicos locais de instituições ligadas à governança territorial em Unidades de Conservação Naturais do Acre, além de estimular um ambiente de diálogo e troca de experiências entre as iniciativas de vigilância e proteção territorial realizadas naquele Estado por uma rede de parceiros.

Programação variada

Sonaira Souza da Silva, pesquisadora do Laboratório de Geoprocessamento Aplicado ao Meio Ambiente da Universidade Federal do Acre, iniciou as atividades falando sobre os padrões de cobertura da terra no Estado do Acre, em particular os padrões de uso do fogo e a dinâmica do desmatamento e incêndios florestais. A aula magna do encontro foi ministrada pela geógrafa e consultora do projeto Amazônia 2.0, Silvia Villacis, cujo eixo central foi o Geovisor, plataforma regional A2.0 que permite a visualização dinâmica de informações geoespaciais sobre diversos temas, como: trabalho de projeto, áreas monitoradas, monitoramento da biodiversidade, clima, uso da terra, governança florestal, entre outros.

Outras iniciativas comunitárias de monitoramento e proteção territorial também estiveram presentes no Acre com o uso de ferramentas tecnológicas. 

  • Flávia Dinah, Administradora do Parque Estadual Chandless, compartilhou a experiência da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Políticas Indígenas do Acre (SEMAPI-AC) sobre ações de monitoramento comunitário no Parque Chandless; 
  • Frank Silva, Assessor Técnico do Setor de Geoprocessamento da CPI-Acre, juntamente com os monitores de proteção e vigilância das terras indígenas Nawa, Alto Rio Purus, Katukina Kaxinawa e Mamoadate, falaram sobre a experiência de proteção e vigilância territorial em terras indígenas; 
  • Luiz Henrique Medeiros Borges, Assistente de Projetos da SOS Amazônia, falou sobre a iniciativa de proteção e vigilância territorial em Reservas Extrativistas; 
  • Bruno Coutinho, Diretor de Gestão do Conhecimento da Conservação Internacional, falou sobre o monitoramento territorial nas Terras Indígenas Rio Gregório e Kampa do Rio Amônia. 
  • Jarlene Gomes, pesquisadora e coordenadora de projetos do Instituto de Pesquisas da Amazônia (IPAM), também compartilhou sobre a plataforma de monitoramento de Alerta do Clima Indígena.

Bruno Coutinho considera que o workshop foi importante como um primeiro passo para aprofundar as relações entre instituições que trabalham com o mesmo tema no mesmo território de forma complementar e em áreas adjacentes que merecem um foco integrado da gestão territorial. 

Da mesma forma, Luiz Henrique Borges destacou que "a oficina ajuda a entender como cada instituição está trabalhando, qual ferramenta está usando e como essa ferramenta tem sido implementada junto aos povos indígenas e comunidades tradicionais" - acrescentou - "a troca de experiências foi extremamente enriquecedora; poder descobrir como trabalhar em conjunto para uma gestão territorial integrada, uma vez que as diferentes iniciativas partilharam os seus sucessos, os resultados obtidos e os principais gargalos.

A conclusão é positiva

A oficina foi muito importante, pois promoveu trocas, reflexões e debates sobre ferramentas e plataformas tecnológicas ligadas ao monitoramento comunitário e governança territorial.

Flávia Dinah conta que o evento foi um importante fechamento do projeto, proporcionando um balanço das ações desenvolvidas, além de apresentar outras iniciativas e ferramentas que dão suporte ao desenvolvimento prático do trabalho de monitoramento. 

A conclusão do programa superou as expectativas, segundo Branca Opazo Medina, Coordenadora do Setor de Geoprocessamento da CPI-Acre, que destacou as discussões sobre o uso e divulgação das informações coletadas em campo pelos monitores, conhecendo e divulgando as potencialidades e limitações dos aplicativos e plataformas, com olhar para as realidades particulares de cada território.

Os resultados do evento foram muito além da capacitação e da troca de experiências, resultando em uma agenda positiva de referências. Uma das recomendações é a proposta de criação da Rede Independente de Monitoramento Territorial do Acre, cujo foco principal é a promoção de um espaço de intercâmbio entre instituições, com o objetivo de compartilhar dados e avanços com orientações de incidência política com a SEMAPI, além do apoio e incentivo ao restabelecimento de espaços de participação da sociedade civil no estímulo à implantação do Sistema Estadual de Áreas Naturais Protegidas (SEANP). 

Como afirma Branca Opazo Medina, “essa semente plantada é promissora, podendo render frutos interessantes para o trabalho de todos os envolvidos no tema, como reuniões periódicas e elaboração de agendas comuns”.